Preparação

A ideia estava lançada, tínhamos de nos organizar.

As motas

Havia uma BMW F650 e mais nada.

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 Nesta fase a nossa principal companhia era a Internet a procurar os veículos que nos faltavam. Depois de muitos telefonemas, negócios falhados, e a desesperante resposta “vendi esta manhã” juntaram-se duas Africa Twins ao grupo. Em Março de 2009 a equipa ficava fechada com uma Yamaha Grizzly 450 a estrear.

Fora de Estrada

Ambicionávamos ultrapassar desafios na maratona africana. Tínhamos de conhecer os truques da areia, da lama, das pedras, obstáculos, enfim, tudo o que se pode esperar no sudeste angolano.

Conduzir em pé, aprender os equilíbrios. O contraste com a estrada onde tudo é preciso, rápido e milimétrico. Aqui temos de apreender a reagir naturalmente às constantes surpresas, compreender os desequilíbrios, atirar a mota para a curva em vez do corpo.

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De um modo natural foram surgindo as primeiras quedas. Num dos nossos passeios, ainda sem qualquer equipamento apropriado, aventuramo-nos por uns trilhos desconhecidos, que nos levaram ao areal de Sesimbra, onde podemos saborear as dificuldades de andar na areia (a nossa experiência só nos permitia andar com os pés nos chão…).

Treinos

Recebemos uma oferta para um treino com o Bernardo Vilar no “Espiríto d’Aventura”. Uma XR100 para cada um. Dadas as características da mota não havia grande expectativa. Acabou por revelar-se uma tarde fantástica. A recepção do Bernardo, a disponibilidade para os maçaricos. O treino; como colocar o peso, a posição de condução.

Em Fevereiro, nos fóruns dos Nomad’s, estavam a organizar um encontro comemorativo dos 10 anos do grupo.

Parecia interessante. Tinha todos os ingredientes para ser um fim-de-semana agradável. O que não conhecíamos eram os “petiscos” que nos estavam reservados. Não passávamos despercebidos: as botas brilhavam; os capacetes novinhos. 

Recebemos as indicações do que tínhamos de fazer. Parecia fácil. Mete 2ª, larga embraiagem duma vez só, chega o peso para trás, não fazer força no volante. Além disto havia mais duas regras básicas: 1. Olhar sempre para onde queremos ir e 2. Se acelerarmos nunca caímos mas podemos bater. Apesar dos avisos nada nos tinha preparado para o “inferno” de 10 quedas em 2 horas para fazer 10km. Neste “passeio do gasoduto”, lembro todo o apoio que os Nomad’s nos prestaram, e das vezes que nos levantaram as motas. 

Os equipamentos de campismo, compactos e ultraleves, foram estreados em Monsaraz, a 10 metros das águas do Alqueva. Mais um fim-de-semana de passeios pelas paisagens do Alentejo.

Na companhia dos experientes Marinho e Fernando fizemos um trajecto 95% fora de estrada entre Sesimbra e Vendas Novas.

Fizemos ainda outro treino nas areias da costa Vicentina. No regresso ficámos a conhecer as inúmeras passagens da Ribeira da Fonte dos Narizes, onde aprendemos mais uma lição: “gerir o stress”.

O cansaço, a tarde a aproximar-se do fim num trilho desconhecido, onde por momentos colocávamos a hipótese de estarmos no caminho errado. Também nos preocupava uma das motas que estava com problemas na embraiagem, pegando somente de empurrão, o que nem sempre era fácil naqueles trilhos. Estavam criadas condições para se cometerem alguns erros. A precipitação numa das passagens desta Ribeira, faz com que uma das motas por 2 vezes consecutivas caia na água. Após retirar a moto e colocá-la a trabalhar, nada melhor que colocar alguma ordem, fazer uma pausa e aproveitar para tirar umas fotos.

As restantes passagens desta Ribeira foram realizadas de modo mais prudente “pois somos uma equipa”, e não poderíamos cometer os mesmos erros.

O despacho das motas

Finalmente mais uma etapa ultrapassada, transportar as motos até ao despachante, inspecção e encaixotar as motos. Para conseguirmos realizar esta etapa tivemos que sentir um “cheirinho” de Africa ou seja tivemos “n” dias com datas de partida agendadas mas acabaram por ser cancelados, até ao dia D nunca tivemos a certeza de que conseguiríamos embarcar as motos nem em que dia, e de um dia para o outro tudo surgiu na maior das normalidades.

Pensávamos que em termos burocráticos o pior estava ultrapassado mas estávamos enganados porque o contentor com as motos ficou mais de um mês retido no porto/alfândega do Lobito. Desta vez sentimos o tempo suspenso e incerto de África. O nosso desespero era geral.

Tudo foi ultrapassado e brevemente vamos deixar para trás o próprio mundo, vamos respirar aquele ar quente e húmido, os cheiros fortes e intensos, o cheiro da terra.

Imagens são visões
Sentimentos paixões
Cheiros são emoções
E África tem cheiros que nos embriagam sem sabermos de onde vem nem como vem. Um cheiro nunca se esquece.


One thought on “Preparação

  • 7 de Outubro de 2009 at 22:28
    Permalink

    Pessoal,
    ainda não olhei para o blogue mas parece-me tudo montagem.
    espero do fundo do coração que tudo vos corra como desejam e que o marisco seja mais fresco que as aldrabices de Sesimbra.
    Mega abraço de boa sorte para vocês todos

    Toin0013 ou para quem não reconhece o “Coitadinho do Paulo Bento” –

    MM

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